quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

AULA 2




Arcadismo

"As brilhantes estrelas já caíam
E a vez terceira os galos já cantavam,
Quando, prezado amigo, punha o selo
Na volumosa carta, em que te conto
Do nosso imortal chefe a grande entrada;
E refletindo, então, ser quase dia,
A despir-me começo, com tal ânsia,
Que entendo que inda estava o lacre quente

Quando eu já, sobre os membros fatigados,
Cuidadoso, estendia a grosa manta"




Características

O Arcadismo é um movimento de reação ao exagero barroco, que havia alcançado um ponto de saturação. Racionalmente, influenciados pelas idéias iluministas francesas, os poetas buscam a retomada da simplicidade e resgatam alguns princípios da Antiguidade, por considerarem ser este o período de maior equilíbrio e pureza.

Há três princípios latinos básicos para a compreensão desse estilo de época:


Carpe diem (aproveita o dia): máxima proposta pelo poeta latino Horácio. Significa viver o presente, aproveitando-o ao extremo, visto que o tempo passa rapidamente.

Inutilia truncat (cortar o inútil): desejo de retirar dos textos tudo o que for excessivo, exagerado ou redundante.

Fugere urbem (fugir da cidade): princípios de valorização da natureza, vista como lugar de perfeição e pureza, em oposição à cidade, onde tudo é conflito.




Relacionando o Arcadismo a música encontramos:
"Chico Buarque - Benvinda"


Dono do abandono e da tristeza
Comunico oficialmente que há um lugar na minha mesa
Pode ser que você venha por mero favor, ou venha
coberta de amor
Seja lá como for, venha sorrindo
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Que o luar está chamando, que os jardins estão
florindo
Que eu estou sozinho
Cheio de anseio e de esperança, comunico a toda gente
Que há lugar na minha dança
Pode ser que você venha morar por aqui, ou venha pra
se despedir
Não faz mal pode vir até mentindo
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Que o meu pinho está chorando, que o meu samba está
pedindo
Que eu estou sozinho
Vem iluminar meu quarto escuro, vem entrando com o ar
puro
Todo novo da manhã
Oh vem a minha estrela madrugada, vem a minha
namorada
Vem amada, vem urgente, vem irmã
Benvinda, benvinda, benvinda
Que essa aurora está custando, que a cidade está
dormindo
Que eu estou sozinho
Certo de estar perto da alegria, comunico finalmente
Que há lugar na poesia
Pode ser que você tenha um carinho para dar, ou venha
pra se consolar
Mesmo assim pode entrar que é tempo ainda
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Ah, que bom que você veio, e você chegou tão linda
Eu não cantei em vão
Benvinda, benvinda, benvinda. benvinda, benvinda


Esses fatos como no Arcadismo faz uso da clareza e da simplicidade, equilibrio com a natureza, a valorização dos afetos principalmente a mulher como na musica e na imagem.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

AULA 1

  • O Barroco


    O Barroco é marcado pela sua forma conflituosa e exagerada, causando até mesmo certo mal-estar pelas oposições dos princípios renascentistas e a ética cristã. Também se caracteriza pelo desejo dos autores em causar assombro nos leitores.
    Dentro da sua audácia verbal, não há limites: como os paradóxos, as antíteses, as metáforas, e também o jogo verbal.
    Exemplos:

    Metáfora: Purpúreas rosas sobre Galatea
    A aurora entre lírios cândidos desfolha. (Góngora)
    (A luz rosada do amanhecer banha o corpo branco da jovem Galatea)

    Antítese: A aurora ontem me deu berço, a noite ataúde me deu. (Góngora)

    Paradoxo: Amor é fogo que arde sem se ver;
    é ferida que dói e não se sente;
    é um contentamento descontente;
    é dor que desatina sem doer. (Camões)

    Jogo verbal: O todo sem a parte não é todo;
    a parte sem o todo não é parte;
    mas se a parte o faz todo, sendo parte,
    não se diga que é parte sendo todo. (Gregório de Matos)


  • Buscando fazer uma relação com a música, escolhemos a canção "Viver, Amar, Valeu", escrita por Gonzaguinha, e cantada por Zizi Possi:

  • Quando a atitude de viver
    É uma extensão do coração
    É muito mais que um prazer
    É toda carga da emoção
    Que era o encontro com o sonho
    Que só pintava no horizonte
    E, de repente, diz presente
    Sorri e beija a nossa fronte
    E abraça e arrebenta a gente
    É bom dizer viver, valeu
    Ah! já não é nem mais alegria
    Já não é nem felicidade
    É tudo aquilo num sol riso
    É tudo aquilo que é preciso
    É tudo aquilo paraíso
    Não há palavra que explique
    É só dizer viver, valeu
    Ah! eu me ofereço esse momento
    Que não tem paga e nem tem preço
    Essa magia eu reconheço
    Aqui está a minha sorte
    Me descobrir tão fraco e forte
    Me descobrir tão sal e doce
    E o que era amargo acabou-se
    É bom dizer viver, valeu
    É bom dizer amar, valeu.
    Amar, valeu.

  • Esta canção, como as obras do período Barroco, apresenta: Metáfora: "É tudo aquilo num sol riso"; Paradóxo: "Me descobrir tão fraco e forte / Me descobrir tão sal e doce"; Jogo Verbal: "É bom dizer viver, valeu / É bom dizer amar, valeu. / Amar, valeu.

Ketaquiando um pouco mais...


É estar vivendo,

Em estar morrendo.

Viver é ir morrendo aos poucos. Esta percepção de que o sopro da vida já traz em si a própria finitude surge como fonte de grande angústia para a alma barroca. Cada minuto vivido é um minuto de aproximação do abismo sombrio. A idéia da morte torna-se onipresente porque não há como esquecê-la.